Re: F4míL14..S0pr4n0

por **Rox** Qua 11 Out - 19:53

Mais do que beleza, é o carisma de um artista que ajuda nas vendas de discos, segundo a produtora executiva da DG:

“Atualmente, é quase impossível causar impacto só com um disco fantástico. Haverá sempre um grupo de connoisseurs que se interessará por ele, o que é bom, mas se tornou essencial extrapolar esse grupo. Há uma impressão errada de que isso se faz com artistas jovens, bem vestidos e bonitos, simplesmente. É verdade que alguém que tem uma bela voz, e, ao mesmo tempo, uma aparência linda atrai com muito mais facilidade a atenção dos jornalistas, que atrairão os leitores. Mas não necessariamente assim.” – ressalva Ute.

Em seguida, ela menciona os barítonos Bryn Terfel e Thomas Quasthoff, que extrapolam o tal grupo de connoisseurs. Mas ambos têm, além de talento e carisma, outros méritos que lhes dão visibilidade: Terfel é um agitador cultural, que até criou um festival de música (o Faenol) em seu País de Gales natal. E Quasthoff nasceu deformado por talidomida e superou a deficiência física desenvolvendo sua bela voz.

por **Rox** Qua 11 Out - 19:55

A própria Anna Netrebko atraiu a atenção inicialmente por sua história de Cinderela. Antes de virar estrela no Teatro Mariinski, ela foi faxineira naquela casa. Contudo, não é preciso ter uma vida extraordinária ou mesmo ser extrovertido para garantir um bom contrato, ressalva Ute, citando o tímido mas carismático pianista Rafal Blechacz. Imprescindível mesmo é ser solícito.

“Antes de assinar contrato, explicamos aos artistas que precisarão planejar seus concertos em torno do repertório que gravam e usar seu tempo livre para dar entrevistas e para campanhas promocionais. São exigências constantes.” – admite Ute.

por **Rox** Qua 11 Out - 19:57

O gerente de marketing da DG, Daniel Goodwin, declara que a mídia, sobretudo a televisiva, é uma importante aliada e que os cantores refletem o tempo em que vivem:

“O estilo muda de acordo com a geração, em qualquer profissão. Cantores dos anos 50 e 60 tinham o estilo moderno de sua época. É natural que os nossos tenham o da nossa época. É o que se vê em artistas como Netrebko ou Measha.” – argumenta Goodwin, ressaltando também que o perfil do público mudou – “A maioria dos consumidores de música clássica tem entre 35 e 60 anos. A geração que tem 40 anos agora é diferente da dos seus pais quando tinham aquela idade. São mais ecléticos, compram cd da Netrebko, mas também do Sting.”

Essa tendência se reflete nos novos lançamentos da DG, que sempre foi a mais purista das gravadoras clássicas. O incrível é que não parece forçado, mas se encaixa na personalidade dos cantores.

por **Rox** Qua 11 Out - 19:59

A mezzo-soprano galesa Katherine Jenkins é outra que adora cross-overs. Já foi até garota-propaganda da Montblanc. Ela nos conta:

“Meus pais não tocavam música clássica lá em casa. Cresci notando que algumas pessoas consideram música clássica como algo exclusivo para um tipo de elite. Não acho que seja. Deveria ser para todos. Faço cross-overs com árias e versões orquestrais, música de cinema, canto em estádios e lugares assim para levar a música clássica para um público mais amplo. Há pessoas, como os puristas, que se incomodam com a popularização da ópera. Mas, nos últimos anos, os artistas mudaram, estão mais acessíveis. O estereótipo da cantora obesa com capacete de viking cantando Wagner, mudou.” – afirma Katherine – "Meus fãs gostam de música clássica e de outros gêneros. Já me pediram até para gravar Heavy-Metal."

Mas tudo tem um limite, claro. Por mais eclética que seja, Katherine garante que jamais gravará um heavy-metal...

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